MOKUSO
A Arte em Silenciar
Mokuso literalmente significa “silêncio/quieto” (moku) + “pensamento/mente” (so), quer dizer um tipo de meditação no sentido de buscar tranquilizar a mente, limpar a mente de pensamentos excessivos, em busca da concentração.
A prática dita que antes de começar o treino na arte marcial, o aluno deve limpar a mente de diversas influências que não sejam compatíveis com o momento afim de “liberar” espaço para absorver os conhecimentos. Após os treinamentos o aluno deve fazer uma revisão no que aprendeu, deixando fluir os pensamentos, fixando em sua memória o que estudou.
Como é a prática no dojo?
Todos se acomodam em seiza e seguindo o comando – “Mokuso!” – feito em voz alta pelo sensei ou pelo senpai, fecham os olhos dando inicio ao esvaziamento dos pensamentos. Durante esse tempo, cuja duração média é de um minuto, busca-se fazer a respiração usando a área abdominal, região conhecida na arte marcial por hara. O momento encerra geralmente por comando vocal também – “Mokuso Yame!”
E quando não estou no dojo, posso praticar mokuso?
Não só pode, como deve. Meditar com um propósito é excelente para a organização diária. Por exemplo: aos estudantes que vão passar por um teste, se em momentos anteriores ao teste praticarem o mokuso, irão se sentir mais relaxados e confiantes, afastando sensações como a ansiedade e a confusão de ideias, concentrando para o momento pelo qual irão passar.
A prática se estende: em casa ao levantar pela manhã, antes dos afazeres ou antes de se deitar em revisão, identificando o que aconteceu de ruim e de bom. Já no trabalho pode ser feito antes de reuniões importantes, ou ao aprender um idioma, ou ainda antes de uma entrevista de emprego, e também ao ser o protagonista de uma palestra ou seminário. Enfim há uma infinidade de momentos para a aplicação do mokuso. Traga nos comentários quando você tem o seu momento!
O Arbusto Amigo
O fazendeiro contratou um carpinteiro para arrumar algumas coisas em sua fazenda, e o primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil: O pneu do seu carro furou, a serra elétrica quebrou, ele machucou a mão, e na hora de ir embora o seu carro não funcionou. Então o fazendeiro então ofereceu-lhe uma carona até sua casa, e durante todo o caminho, o carpinteiro se manteve calado, sequer pronunciou uma palavra.
Quando chegaram à sua casa, o carpinteiro parou junto a um pequeno arbusto que ficava ao lado da porta de entrada. Em momento de silêncio continuo e de olhos fechados, ele gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos. Na sequência, abriu os olhos e para surpresa do fazendeiro, o carpinteiro convidou o fazendeiro para entrar e conhecer sua família.
Assim que abriu a porta, os traços tensos em seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, beijando e abraçando seus filhos, que vieram correndo ao seu encontro. Em seguida abraços e beijou carinhosamente sua esposa. Um pouco mais tarde, depois do jantar, o carpinteiro acompanhou o fazendeiro até o carro, e assim que eles passaram pelo arbusto, ele perguntou:
– Porque você, além de permanecer em silêncio, tocou na planta antes de entrar em casa?
– Ah! Esta é o meu Arbusto Amigo. Eu sei que não tenho como evitar alguns problemas durante o meu dia, mas não posso deixar que eles me atrapalhem o tempo que tenho com minha família, que são as coisas mais preciosas que tenho nesta terra. Então, todas as noites, quando chego, eu limpo meus pensamentos, deixando os meus problemas com este arbusto e os pego no dia seguinte, antes de sair. E por incrível que pareça, todas as manhãs, quando eu volto pra buscar os meus problemas, eles parecem não ter nem metade do tamanho que tinham quando os deixei na noite anterior!
Abraços
Rodrigo Sibut Vieira